Os segredos de um manager constantemente em deslocação

Sou responsável pelas Vendas Internacionais para a Accor. A este respeito, lidero comerciais e líderes de negócios em Paris, mas também nos nossos 47 escritórios de vendas. Algumas das minhas equipas também cuidam do desempenho e da cultura de vendas em todo o mundo. Por isso viajo imenso. No que diz respeito aos desafios que representam as deslocações, eu diria que de um ponto de vista profissional e empresarial, há sempre um risco de abrandamento numa equipa se ela espera que eu esteja presente fisicamente para avançar. É por isso que nós tentamos utilizar o mais possível mídias como o Skype, WeChat, Linkedin e outros, para substituir o face-a-face. Do ponto de vista humano também, o desafio existe: é importante ficar em contato « real » com as minhas equipas, trocar idéias durante a pausa para o café. Infelizmente não há nada para substituir isso à distancia.  

Temos 47 escritórios de vendas, não posso dizer que os visito todos regularmente. Desloco-me muitas vezes aos escritórios de vendas europeus. Quanto ao resto do mundo, também me desloco muitas vezes aos Estados Unidos (4 ou 5 vezes por ano), e duas vezes a Ásia; quanto à África e ao Médio Oriente, tenho menos ocasiões de lá ir. Os contatos fazem-se regularmente por telefone. As minhas equipas são extremamente autónomas e não precisam de ser acompanhadas diariamente, estou obviamente presente em caso de perguntas e para apoiá-las. Organizo com elas entrevistas regulares pelo telefone para acompanhar o progresso dos diferentes projetos e informo-as sobre o que se passa na empresa. Também tento ao máximo fazer um ponto individual da situação com os membros da minha equipa. É um momento privilegiado de troca de informações.

Além de ser organizado, naturalmente, eu diria flexibilidade e faculdade de adaptar-se rapidamente. Passar dos Estados-Unidos a Singapura, por exemplo, pode ser bastante « challenging » com as diferenças de fusos horários. A diversidade de cultura também faz parte das nossas identidades. É importante adaptar-se constantemente.

Fixei-me algumas regras básicas que tento manter: não há wifi, não há trabalho. E sobretudo, aplico estes princípios óbvios tanto quanto me é possível:

• O sono é fundamental: uma boa noite de descanso é para mim essencial.
  
• Ajustar o meu relógio interno aos fusos horários do meu local de viagem assim que estou no avião e do mesmo modo assim que chego para preparar o meu regresso. 
  
• Comer bem e ligeiramente. - Idealmente deveria praticar desporto, mas não consigo encontrar tempo nem a motivação. 
  

A nível profissional, devemos sempre pensar que o trabalho continua no seu escritório durante a sua ausência. É importante tirar algum tempo, mesmo uma hora por dia, para tratar os processos em curso e fazer chamadas.  

Um aspecto subestimado da deslocação é o impacto na sua vida pessoal. Se tiver uma família, deve dedicar-se seriamente a ela. Passo sempre algum tempo em casa antes de viajar e ao meu regresso. Evito sempre que possível as deslocações nos fins de semana. Tenho muito pouco tempo para mim para me encontrar sozinho. Finalmente, o único momento onde é efetivamente o caso, é quando estou no avião. Aproveito então deste momento para relaxar, comer e fazer uma pausa com um filme. Para outros, será talvez a hora de fazer um jogging ou outra coisa, para mim é a viagem de avião. Acho que todos nós precisamos de espaço e tempo para poder descansar e permanecer eficaz. 

Organizo-me com antecedência. Peço um resumo dos objetivos da deslocação para estar preparado na véspera. A outra prioridade, insisto, é a noção de descanso, e ser capaz de se manter em forma, tomando ar, para esclarecer as idéias. Por fim, última dica: viajar leve e dispor de tudo o que pode simplificar a viagem: programa de fidelidade, bilhetes sem fila de espera, pass. Se poder ter acesso, aproveite-os!